domingo, 20 de março de 2011

Robert Frost, Vivaldi e o Inverno

 O Outono... Ah!, já começou! Já dá pra sentir no ar as garras gélidas dos dias de sol triste e frio e de noites geladas, assombrosamente frias e sem vida. Bem, não sem vida. Existe uma vida diferente nas noites invernais, ou outonais. O Verão chega ao fim, o início do frio está aí. Bem... o Inverno! Não dá pra pensá-lo, imaginá-lo, como um inimigo mortal que está nos mostra como somo frágeis sob seus cuidados embora ele o seja. E é então que me recordo dum poema que tive contato a primeira vez em 1999 ou 2000, de Robert Frost, o "Stopping By Woods on a Snowy Evening" (algo como Parando no Bosque num Anoitecer Nevoso). Acho esse poema lindo, fantástico mesmo e quando declamado, quando cada palavra sai da boca faz com que o som não seja simplesmente de palavras vazias ao vento. Não. Acredito que esse poema é um tipo de ode ao Sr. Inverno (ou Mr. Winter, em Inglês).

 
Stopping By Woods on a Snowy Evening

Whose woods these are I think I know.
His house is in the village though;
He will not see me stopping here
To watch his woods fill up with snow.

My little horse must think it queer
To stop without a farmhouse near
Between the woods and frozen lake
The darkest evening of the year.

He gives his harness bells a shake
To ask if there is some mistake.
The only other sound's the sweep
Of easy wind and downy flake.

The woods are lovely, dark and deep.
But I have promises to keep,
And miles to go before I sleep,
And miles to go before I sleep.



A tradução é algo como:

Parando no Bosque num Anoitecer Nevoso

De quem é esse bosque, acho que sei
No entanto sua casa é no vilarejo;
E ele não me verá parando aqui
Pra assistir seu bosque se encher de neve.

Meu cavalinho deve achar estranho
Parar sem nenhuma casa de estrebaria por perto
Entre os bosques e o lago congelado
Na noite mais escura do ano.

Ele dá um chacoalho no seus arreios
A perguntar se há algum engano
O único outro som é o varrer
Do vento leve e neve macia.

O Bosque é amável, escuro e profundo.
Mas eu tenho promessas a manter
E milhas a percorrer antes de dormir
E milhas a percorrer antes de dormir.

Essa tradução é livre, feita por mim totalmente despreocupada com a rima, só pra dar a possibilidade a quem ler esse post e não souber Inglês, de poder imaginar como é simples e profunda essa sensação de noitinha fria de Inverno. Escrevi isso ouvindo "L'inverno" (em português, O Inverno) da "Le quattro stagioni" (conhecidos em português como As Quatro Estações), de Vivaldi, o que fez sentir-me totalmente invernal. Acredito que haja alegria nesse concerto de Vivaldi. Contudo, quando ele adentra "L'autunno" fica tangível o crepúsculo do Verão e o nascer da estrela escura do Inverno. O ar muda, e a própria tenacidade da música também. Os acordes são mais firmes e no próprio Outono existe um toque maior que no Inverno, um toque de desespero de solidão, o início, o nascimento, a ressurreição, do distanciamento da vida normal e corriqueira do Verão, e então, surge aquele ser semi vivo que grita nas noites com seus ventos frios nada similar aos ventos frescos e perfumados da primavera), úmidos duma chuva que parece nunca cair, mas quando cai enregela tudo ao redor ainda mais. Vivaldi foi sábio e duma maestria incrível ao criar esse concerto, e conseguir incurtir naqueles sons cada sensação de cada Estação.

3 comentários:

  1. Estava traduzindo essa obra do R.Frost e tive mesma feliz idéia que tu tiveste,ouvir As Quatro Estações. Casam perfeitamente! Indescritível sensação que esse poema nos propicia.

    Gostei do seu comentario ao final da sua livre tradução.

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    1. Tem muito tempo que não entro aqui, ou mesmo escrevo aqui. Não conheço muito de Frost, apenas esse poema. Como disse no post o ouvi há mais de uma década. E, até hoje ele canta em mim.

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